Um Estado Amargo


As recentes intervenções estatais na economia encobrem sinais preocupantes e perigosos.

Preocupantes, sobretudo, pelo exemplo. Com a substituição da mão invisível pelo pai protector, reina uma ideia de facilidade na abordagem aos sérios apertos que enfrentamos. Há um banco que se afunda? Nacionaliza-se diluindo as perdas. Um sector em crise? Alargam-se os milhões de apoio. Empresas pouco competitivas? Facilita-se o crédito. Ainda que algumas destas medidas sejam imperativas, impõe-se acompanhamento por outra visão – aquela de fundo, estrutural, dirigida ao âmago do problema e não aos seus sintomas.
Perigosas, na medida em que as opções tomadas, salvo raras excepções, escolhendo caminhos frágeis e de prazo curto, não resolvem “a equação”. Os nossos grandes constrangimentos – sendo que o aumento da competitividade do tecido económico constitui a questão de longo prazo mais fundamental e mais urgente a que Portugal deve responder – estão, uma vez mais, adiados. E assim o futuro hipotecado, num momento oportuno para apostar no essencial. Mas “o essencial é invisível aos olhos”...
Perplexo, vejo a resignação da maioria das empresas: pacificamente aceitam a expansão do Estado; indiferentes absorvem a dependência dos (parcos) apoios que lhes são concedidos. Exige-se mais determinação; ambição maior, prenha de visão estratégica que esclareça o rumo, impondo outras respostas – muito para além do betão público. Estaremos a ficar embriagados pelo crédito barato, pelas soluções imediatas, enfim, pela cosmética?
Como vamos pagar este manjar de facilidades?

Publicada porSilva à(s) 08:56  

2 comentários:

Anónimo disse... 14 de janeiro de 2009 às 15:02  

Luis,

Julgo que o principal problema tem outra dimensão: as pessos nao se dão conta que o Estado são elas, que o dinheiro é seu, e que a sua aplicação não é uma prenda de alguém a outrem.

Trata-se de cidadania pura e dura e é um problema que atravessa toda a sociedade e a falta de espirito critico a questões essenciais da nossa sociedade, sobretudo as que são de cariz estratégico, como é o caso.

Está se a marcar uma tendência perigosa.

Pedro Barbosa

Anónimo disse... 18 de janeiro de 2009 às 05:46  

O assunto dá pano para mangas e concordo com vários aspectos observados, mas sinceramente não acho que haja falta de espírito crítico. Basta ver na net a quantidade de fóruns, blogs, chats, movimentos, etc, onde se fala dos mais variados assuntos. Pode é haver talvez falta de organização e estratégia em algumas acções da sociedade civil. Agora, estou perfeitamente seguro que há falta de uma comunicação social isenta e interessada em passar as mensagens de quem quer ter um papel preponderante no desenvolvimento do país, que tanto ambicionamos. Veja-se o caso do Movimento Compromisso Portugal". Estamos a falar de um Movimento que reúne pensamentos de um elevado conjunto de pessoas com inequívoco sucesso e provas dadas. Temos ouvido alguma coisa sobre as suas últimas conclusões? Temos tido algum representante do Governo presente nas conclusões deste Movimento? Não, e portanto isto desmotiva a quem se organiza para trabalhar em prol de uma sociedade e consequentemente de um país melhor. http://www.compromissoportugal.pt/

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