Oportunidade vs. Consciência

Cada vez mais as empresas Ocidentais deslocam o seu processo produtivo para países como a Índia ou a China.
A verdade é que estes mercados, outrora conhecidos pelos baixos custos de produção e baixos níveis de qualidade, são hoje economias a emergir, fornecendo qualidade e design, e mantendo os custos de fabrico reduzidos, graças ao custo de mão-de-obra local.
Este factor, mão-de-obra barata, constitui para o Ocidente simultaneamente uma oportunidade e uma ameaça. Oportunidade de obter margens atractivas, e ameaça ao enfrentar uma concorrência difícil de bater.
A semana passada recebi um daqueles mails que muitas das vezes vão directos para a reciclagem, mas que neste caso, talvez pelo título – Globalização – fiz questão de ler. Relatava e ilustrava a realidade de uma das muitas fábricas que estão a surgir na cidade de Mumbai, Índia.
Com índices de devolução abaixo de 1% do volume de produção, esta fábrica, à semelhança de muitas outras, “emprega” crianças e adultos, que trabalham praticamente por comida. Cozinham, guardam as suas poucas roupas e dormem na fábrica, pois o dia seguinte funde-se com o anterior, num turno de trabalho contínuo de cerca de 16 horas diárias.
Mas então onde pára a responsabilidade ética e social?
Para além da sustentabilidade económica, e de forma a criarem valor a longo prazo, os gestores de topo têm também que incluir na sua tomada de decisão, a sustentabilidade social e ambiental.
É fundamental que conheçam os diferentes hábitos e culturas, e que simultaneamente façam tudo que estiver ao seu alcance para evitar o recurso a fornecedores, directos e indirectos, que pratiquem a violação dos Direitos Humanos.
Neste contexto, o processo de tomada de decisão tem muito que ver com a optimização do binómio Oportunidade – Consciência.

Publicada porSilva à(s) 17:16  

3 comentários:

Anónimo disse... 23 de julho de 2008 às 00:29  

Mónica,

Quanto à evolução dos processos operativos na China e na Índia para patamares superiores de qualidade, não restam dúvidas de que a tendência futura será essa. Aliás, no top ten mundial das melhores universidades no domínio da engenharia, já lá figura uma universidade chinesa.

Quanto à questão da consciência e ética empresarial dos industriais chineses, penso que não será para já!

Ricardo Arroja

Anónimo disse... 24 de julho de 2008 às 03:46  

Ricardo,
referia-me à consciência e ética dos empresários Ocidentais que (sub)contratam mão-de-obra indiana ou chinesa.
Que devem ter consciência da diferente cultura (que recorre muitas vezes a mão-de-obra infantil, ambientes opressivos...)e avaliar bem os fornecedores, estipular clausulas única nos contratos de prestação de serviço, etc.

Anónimo disse... 25 de julho de 2008 às 04:40  

No mundo mais global há um equilíbrio difícil entre a ética e a sobrevivência.

Ainda para mais a ética não é absoluta, o que dificuldade a definição das fronteiras.

Discutiu-se várias vezes este tipo de questões durante o MBA, sempre de forma pouco conclusiva.

Penso que o caminho que o próprio mercado está a seguir é o mais indicado, tentando criar valor económico em torno dos conceitos de ética, forçando as empresas a adoptar comportamentos positivos.

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