Portugal S.A.

Por vezes retenho-me a pensar se os partidos entendem realmente qual a verdadeira motivação para a sua existência. Faz-me mesmo alguma impressão verificar que, muitas vezes, se colocam os interesses partidários e as ideologias adjacentes a estes à frente daquilo que deveria ser o objectivo de todos os intervenientes na sociedade, partidos incluidos, o bem estar comum e o consequente desenvolvimento colectivo do país.
Vem isto a propósito de um artigo que li recentemente, não consigo precisar o autor e onde o li, onde se defendia o fim da ideologia politica. Efectivamente tem-se assistido ao debate em torno da ideia que o PS tem vindo a ocupar o espaço politico genéticamente destinado ao PSD. Esta situação só possível por haver um entendimento geral de que as ideologias politicas, imutáveis desde a fundação dos partidos, de pouco valem no quadro social e globalizante actual. Não é pois de estranhar a naturalidade com que encaramos o facto de ser este o governo que mais medidas ideológicamente conectadas à direita adoptou no pós 25 de Abril. Entretanto o PSD sai em defesa de mais e melhores politicas sociais em detrimento de uma postura económicamente mais liberal que noutros tempos seriam a sua bandeira.Penso, por isso, estarmos a assitir ao definhar do ideal partidário tal como o conhecemos desde sempre.
O futuro não o consigo prever mas arrisco-me a opinar que talvez os partidos venham a ser substituidos por lobbies de interesses, enquanto somos governados por um quadro de gestores, à semelhança de uma grande empresa, cujo objectivo maior seja o lucro da Portugal S.A.

Publicada porSilva à(s) 02:11  

2 comentários:

Anónimo disse... 28 de maio de 2008 às 07:58  

Pedro, referes-te a Portugal S como se tal ideia fosse descabida ou muito má.

É evidente que um país não é uma empresa, muito menos anónima, e em grande medida é necessário que existam u conjunto de factores que a tratem de forma diferente da gestão privada e empresarial, desde logo porque uma empresa vive em média 20 anos e Portugal vai a caminho dos 900.

No entanto, há muitas práticas da gestão provada que podeiam e deviam ser seguidas, e que considero mais importantes do que as ideologias.

Na verdade, penso que só existe essa questão da s ideologias porque hoje o grande pelotão das pessoas acredita nas mesmas coisas, nomeadamente que se deve evitar os extremos e ter um equilibrio entre foras e estabilidade. Nos países em que é posta em causa qualquer destas coisas, o que alta de imediato é uma discussão ideológica, quando não religiosa (que tem o mesmo principio base, ainda mais angular).

Por isso não me parece que isto seja um assunto critico, estamos a percorrer o caminho normal de uma democracia em amadurecimento ...

Anónimo disse... 30 de maio de 2008 às 08:33  

Nao falo disso como um fatalidade mas apenas como constatação do rumo que seguem as democracias actuais. Todas as tendências têm o seu ciclo de vida e acredito que o da democracia estará a chegar ao fim e o que preconizo é precisamente o que expus no artigo. Mas volto a salientar que nao vejo isso como uma fatalidade mas apenas uma consequência lógica do tal amadurecimento que defendes.

Enviar um comentário