Fashion, not Fad
quarta-feira, 30 de abril de 2008

A realidade socioeconómica começou a mudar, vieram os ciclos e as crises, a entrada de outros países mais competitivos ao nível de custo e deu-se início à fase do crivo: os que simplesmente faliram, os que – depois de se modernizarem e reestruturarem - continuaram em regime de subcontratação e que hoje trabalham para empresas como a Inditex, a Gant ou a Agatha Ruiz de la Prada e finalmente os que construíram as sua próprias marcas, que passaram a ocupar, mês após mês, mais tempo das máquinas outrora semi desaproveitadas, até finalmente darem por terminados os trabalhos de subcontratação, para se centrarem apenas na sua ou nas suas marcas. Este processo deu-se por duas formas distintas – os industriais do têxtil que fizeram as suas marcas de raiz (Impetus, Salsa, Tiffosi, ou Dielmar) e os que as adquiriram no mercado (Cenoura, Acetato). Há ainda os que, à semelhança dos gigantes, se concentram a gerir a marca e a subcontratar eles próprios (Throttleman, Sacoor). Pelo caminho, ficaram outros que tentaram construir as suas marcas tendo como prioridade a alocação dos seus recursos industriais existentes, em vez das necessidades do mercado.
O grande desafio para os gestores de marcas de moda, sejam industriais ou não, não se limita a vender muito e consequentemente lucrar imenso: é antes criar um capital perene, que permita estabelecer uma estratégia lucrativa no longo prazo. De notar que tal pode ser concretizado recorrendo a uma aposta em boa presença da marca da roupa (Lion of Porches, Boxer Shorts, Giovanni Galli), ou simplesmente na loja (Dielmar, Dom Colletto, Lanidor).
O facto dos hábitos de consumo ligados ao têxtil dependerem cada vez mais da ligação com os previamente referidos prescritores de moda, ou designers de colecções, estilos e sobretudo – mais do que tudo o resto – tendências, assim como das socialmente designadas tribos urbanas (betos, skaters,yuppies,…), faz com que possa existir um efeito de “pico de moda” repentino e momentâneo, que depois tem dificuldade em sobreviver com perenidade. A este efeito, que em Portugal não tem nome conhecido, chama-se no mundo da moda um Fad, ou simplesmente um Craze. Entre as marcas referidas, a maioria viu o seu nome ganhar notoriedade ao longo de vários anos, a pulso. No entanto, há as que sofreram um Fad – a Salsa e a Sacoor nomeadamente. Ambas as empresas souberam, através de uma estratégia de permanente mudança e readaptação, manter-se fora dos habituais precipícios que esperam as marcas saídas de um Fad. A Converse (All Star) ou a Resina são exemplos de empresas a quem isso já aconteceu, na última década. Para tal, é preciso ter uma estratégia de mudança quando se está num dos momentos altos, em vez de fazer durar o mais possível cada sucesso imediato. Saber continuar na moda por muitos e bons anos é hoje o grande desafio das marcas nacionais que souberam habilmente conquistar o seu espaço no mercado.
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Impostos
segunda-feira, 28 de abril de 2008
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Milionários vigiados
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Estratégias Karaoke

Esta realidade estende-se à forma cultural como, nos diversos domínios, se encara essa palavra da moda que dá pelo nome de inovação. A inovação tem sido tão falada e discutida, que faz mesmo parte da própria missão de muitas empresas. Empresários, gestores e administadores procuram cada vez mais imbuir as empresas num espírito de inovação constante, fazem brainstormings do tema e formam-se em pós graduações de todas as naturezas associadas ao tema. E, contudo, associam inovação a algo que pode ser descrito como “estar sempre associado às últimas tendências de mercado e procurar ter as mais recentes soluções disponiveis no mercado”. Infelizmente, isto não é ser inovador. É ser moderno, ou – em alguns casos – é apenas estar na moda.
Há muito muito tempo que se descobriu que num ambiente competitivo intenso como é o mercado globalizado onde vivemos, não é suficiente ter o mais baixo preço beneficiando das melhores economias de escala e optimizações de cadeia de valores, porque haverá sempre alguém noutro ponto do mundo que será capaz de fazer o mesmo a um preço menor. Foi mesmo há muito tempo que se percebeu que só através da diferenciação que se poderia criar valor para os clientes, que então estariam dispostos a pagar um valor um pouco superior pelo bem ou serviço em causa, fruto da sua diferenciação e unicidade. Ora a referida e supracitada noção de inovação nada traz de diferenciação - pelo contrário, acaba por tornar as empresas, os seus bens e serviços e mesmo a sua imagem cada vez mais igual, e indiferenciado.
A inovação que será sinónimo de sucesso para as empresas é a da criação de novas soluções, aproveitando potenciais oportunidades de necessidades ainda latentes nos clientes ou futuros clientes. É exclusivamente através da criação (esta sim, a “buzzword” mais importante) de novas soluções que uma empresa se destinguirá de todas as demais, diferenciando a sua oferta e produzindo valor acrescentando para os clientes.
No entanto, todas as inovações desta natureza, caso tenham sucesso, tendem a ser rapidamente copiadas pelo mercado (excepto se as barreiras à entrada forem demasiado altas – patentes, investimento em equipamento, know how especifico, etc), pelo que a única forma de as empresas conseguirem viver neste ambiente é desenvolvendo programas de constante inovação, sendo mais ágeis, rápidos e eficientes do que os seus concorrentes. E os seus concorrentes não são necessariamente as outras empresas do mesmo sector. Há dúvidas da razão pela qual Pinto da Costa e o anterior Bispo do Porto queriam encerrar o comércio ao Domingo? A razão é evidente - o comércio é concorrente de pessoas nas igrejas e no estádio, porque tem em muitos casos associação a lazer. “Marketing Myopia”, by Theodore Levitt... É preciso conhecer qual é o mercado e assim percepcionar realmente os potenciais concorrentes, estando sempre um passo à frente. Para que a empresa tenha este espírito empreendedor, é preciso que os estrategas não sejam abafados pelos tecnocratas, que os criadores não sejam limitados pelos administrativos. É preciso que – mesmo tendo em conta orçamentos e outras limitações de partida que balizam o ambiente – sejam os departamentos mais próximos dos clientes ou potenciais clientes a liderar a estratégia, em vez de viverem para servir departamentos financeiros, juridicos ou administrativos
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IRC Disruptivo
quinta-feira, 24 de abril de 2008
O que proponho é que o Governo crie um programa destinado a sectores de actividade inexistentes em Portugal (secundários ou terciários), criando condições excepcionais para a captação de IDE nestes sectores de actividade. Uma das medidas passaria pela criação de ausência de IRC durante 5 anos e forte redução de IRC nos 5 anos seguintes, em projectos de investimento a 20 ou 25 anos, com fortes penalizações para desinvestimento. Por outro lado, a criação de competências de educação e know how especifico nesses sectores de actividade, que conjugados com a já fortemente competitiva oferta de terrenos das autarquias permitiria um pacote muito interessante para que a AICEP pudesse captar investimento de forma célere e com assinalável dimensão, sem pôr em causa factores concorrenciais.
Este IDE (ou mesmo investimento dos players nacionais) permitiria aumentar o emprego e através dele o consumo ou a poupança, sem influencia negativa no resto do mercado. No longo prazo, sustentaria melhores condições estruturais para o país e maiores receitas para o Estado.
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In Directas
sexta-feira, 18 de abril de 2008
O PSD evoluiu recentemente para eleições directas. Luis Filipe Menezes ganhou, para surpresa de alguns, e iniciou um mandato repleto de lutas internas, sem aparente proveito para o partido. Na realidade, as bases elegeram, mas a estrutura do partido continuou a controlar, não permitindo que o líder pudesse liderar.
A questão é saber se as eleições directas são suficientes para as bases liderarem um partido.
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Sunday, Bloody Sunday
quinta-feira, 17 de abril de 2008
O pequeno almoço em casa torna-se impossível sem gás, pelo que – sem dramas – me decido por seguir para o Molhe, pensando em como um problema se pode tornar numa saudável oportunidade de melhoria. Desço a escadaria já preocupado, ao ver as esplanadas vazias. O sol já vai alto e o dia está perfeito, pelo que só há uma razão para o que pupilas focam e o cérebro confirma : os cafés estão fechados, as portadas de madeira envelhecida pela humidade do mar, e eu penso porquê. Um velho de bigode e cana de pesca murmura que é Domingo, ninguém trabalha e também não haveria pão fresco. “Uma vergonha”, remata, virando-se de novo para a imensidão do azul. Não penso em nada, reparo no lixo da praia e lentamente aceno a cabeça negativamente, surpreendido com o estado das coisas. Sei que o Parque da Cidade e Serralves estão fechados ao Domingo para descanso do pessoal e que não havia recolha de lixos no dia santo. Mas que a situação era dramática, ainda não tinha percebido.
Ligo o Ipod, e passeio pela marginal até ao quiosque, onde pretendo comprar o Expresso de ontem. Fechado. Volto a casa, entro no carro e sigo até ao hipermercado, mas o cenário é igual. No parque de estacionamento, um mini gangue parte o vidro de um carro e eu recordo-me que o sindicato das empresas de vigilância negociou com o MAI a proibição total de trabalhar ao Domingo. Sem jornal, ligo à minha irmã para combinar o almoço, feliz pela operadora não ter tido avarias irreparáveis ao Domingo. Reparo quase em pânico que o gasóleo está nas últimas, e sei que só amanhã poderei resolver esta situação. Encosto o carro junto a um passeio e sigo pela marechal a pé. Procuro imaginar o resto do dia, sem grandes soluções. Cinema? Fechado. Teatro ao Domingo? Impossível. Subir o rio de barco? Não há cruzeiros ao Domingo e não me atrevo àquelas zonas sem segurança a este dia da semana onde tudo parece não funcionar… nada parece mais descanso ou descontracção. Telefona-me o Jorge, furioso porque vai chegar atrasado. Desde que fecharam as auto estradas ao Domingo para descanso obrigatório dos portageiros e restante pessoal técnico, viajar tornou-se um pesadelo.
Um pesadelo de Domingo, é isto que antevejo de repente, zangado comigo e com todos. Sento-me num banco em Cristo Rei e percebo lentamente que há apenas uma coisa que ainda não fechou ao Domingo. Pergunto-me se é por ela que devemos todos abdicar de um dia de lazer, com acesso a tudo que nos faz falta para poder realmente usufruir. Fará sentido um Domingo assim?”
O único argumento que hoje os que defendem as restrições para funcionamento do comércio ao Domingo têm é o do descanso dos trabalhadores, provada que está a importância da liberalização na competitividade, no emprego e na conveniência dos consumidores. Trata-se contudo de um argumento que perdeu validade. Não hoje, nem ontem, mas há décadas. A vida numa sociedade civilizada não permite descanso e recuperação sem a existência continuada de serviços de suporte, garantidos por parte da população, que descansará noutro dia. Esta realidade não tem nada de novo, de tão óbvia até parece redundante. É por tal razão que na falta de argumentos os arautos da defesa cega do proteccionismo bradam, ralham e gritam, em desespero por saber que não têm a razão do seu lado.
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